LÁ FORA, a ficção científica continua a se firmar como o gênero por excelência da pandemia, que provou para a espécie humana a imprevisibilidade da vida e as possibilidades e potencialidades do fantástico no planeta. Um lançamento do gênero está agitando a crítica americana: THE WEIGHTLESS WORLD (O mundo sem peso, literalmente), romance de estreia de Adam Soto, publicado no início deste mês pela Astra House nos EUA, que subverte as convenções do sci-fi sobre a descoberta de vida extraterrestre, revelando alienígenas desinteressados pelos terráqueos e levando o leitor a refletir sobre a natureza humana a partir dos dilemas filosóficos dos protagonistas humanos.
O romance se passa em 2012, quando, no réveillon, cientistas detectam um sinal do planeta Omni-7xc, a 75 anos luz de distância da Terra. Porém, a comunicação extraterrestre é rapidamente encerrada, e o que foi percebido, inicialmente, como um sinal de esperança passa a ser interpretado como um desprezo dos extraterrestres pela vida na Terra, em vista das guerras, miséria, desigualdade e destruição, entre outros inúmeros fracassos da civilização humana.
Apesar de THE WEIGHTLESS WORLD girar em torno de reações globais mais amplas, Soto concentra a narrativa em três personagens centrais: Sevi, um ex-professor de música desiludido; sua namorada, Ramona, programadora da Google que trabalha em um projeto ultra-secreto; e Eason, aluno de Sevi, que sofre o luto pela morte de um amigo de infância. Os três se questionam sobre ética e moral individuais em um mundo tomado por problemas institucionais e estruturais. Ao narrar os desdobramentos do primeiro contato alienígena e seu desinteresse pela humanidade, Soto deixa para o leitor a ideia de que não há ninguém para nos salvar além de nós mesmos.