Quando vi a capa de “A ridícula ideia de nunca mais te ver”, de Rosa Montero, numa loja (virtual, infelizmente), o titulo de cara me impactou. Algum tempo depois, ouvi grandes elogios a essa autora num grupo de leitura de que participei. Senti que era um sinal para lê-la. Comprei e estou apaixonada pela obra.
Depois de por acaso ter acesso ao diário que a cientista Marie Curie escreveu após a morte repentina do marido, Pierre Curie, em 1906, Rosa decidiu traçar um paralelo com sua própria vida, já que ela também havia ficado viúva há pouco tempo. A obra fala de perdas, de luto e seus tabus, do lugar da mulher na sociedade, de vida e morte – e de como é “ridícula” a ideia de simplesmente, de uma hora para a outra, você nunca mais poder ver alguém. Rosa tem um jeito especial de enxergar nuances (às vezes até inusitadas) nos diários de Madame Curie e de contar a história da cientista de forma única, por vezes até divertida, mesclando tudo com seus próprios sentimentos de perda. Impossível não se emocionar e pensar também em nossa própria vida.
Fazia tempo que um livro não me fazia chorar.
Tatiana Allegro é editora da Benvirá.
