Yasmin Ribeiro
Assinado pelo escritor premiado, cientista político e filósofo alemão Peter Neumann, o ensaio JENA 1800: A REPÚBLICA DOS ESPÍRITOS LIVRES (Die Republik der Freien Geister, no original) conta a história da pequena vila na Turíngia que foi o principal centro do novo pensamento filosófico e berço do idealismo alemão no início do século XIX. Publicado em 2018 na Alemanha pela Siedler, os direitos de tradução foram vendidos para grandes editoras na Itália (Einaudi), Coreia do Sul (Eco Livres), Holanda (Spectrum), Portugal (Bertrand) e Espanha (Tusquets). Em novembro, sairá a tradução da Farrar, Straus & Giroux, que adquiriu direitos ingleses mundiais.
Com a Revolução Francesa ainda fresca no subconsciente popular e com as Guerras Napoleônicas a todo vapor, poetas, cientistas e intelectuais de todo tipo se reuniam em Jena, uma vila com pouco mais de 4 mil habitantes, para questionar os paradigmas da velha ordem que desmoronava e pensar em alternativas para o futuro, fundando assim a chamada República dos Espíritos Livres. Apesar de Jena ter sido um oásis intelectual para importantes pensadores como Goethe, Fichte, Hegel, Hölderlin Schiller, e Madame de Staël, além de Spinoza e Kant, a relevância histórica desse episódio é até hoje muito pouco falada e conhecida, sobretudo no Brasil.
O ensaio de Neumann, além de muito informativo, é rico em qualidade literária. Com sua escrita sagaz e elegante, Peter Neumann traz à vida o interessante grupo de amigos e rivais cujas discussões e ideias sobre arte, literatura, política e filosofia fundaram as bases do mundo moderno em que vivemos. Eles não apenas questionaram suas visões sociais herdadas: com suas ideias provocativas sobre o indivíduo e a natureza, esses filósofos fundaram nossa atual concepção sobre liberdade e realidade.
Além da excelente recepção crítica que JENA tem recebido, o também filósofo e escritor alemão Wolfram Eilenberger, autor de TEMPO DE MÁGICOS, grande obra de não-ficção filosófica publicada em 2019 pela Todavia, foi um dos que elogiaram o livro. “É assim que a história das ideias deve ser escrita: [JENA] é colorido e perspicaz. Um maravilhoso prazer de leitura.”
