Yasmin Ribeiro
Encontrado nas ruínas de Tróia e até mesmo no túmulo de Tutankamon, no Egito, o âmbar sempre foi uma mercadoria altamente valorizada. Em NA ROTA DO ÂMBAR (Along the Amber Route), o jornalista e historiador cultural britânico C. J. Schüler trilha a notável rota de comercialização dessa valiosa resina desde São Petersburgo até Veneza atravessando milênios de história. Publicado em 2020 pela Sandstone, que adquiriu os direitos mundiais de língua inglesa, sairá em edição brochura em fevereiro de 2022.
O livro narra a expedição de Schüler por um caminho mais antigo do que a Rota da Seda através da Ásia e tão fascinante quanto. Ao longo da rota, percorrida durante um ano de ônibus, trem, carro alugado ou a pé, o autor se deparou com cidadelas antigas, personagens, fatos e histórias curiosas enquanto procurava as melhores exposições de âmbar em museus, lojas de antiguidades, relicários e palácios.
No entanto, esse livro oportuno e poderoso é mais do que um sedutor relato de viagem. Ao longo da expedição, Schüler visitou o Istmo da Curlândia, um estreito banco de areia de 100 km de comprimento, entre a Lituânia e a Rússia, que separa uma lagoa do mar aberto e serve como habitat para inúmeras aves e animais raros. Foi lá que Thomas Mann, após ganhar o Nobel, construiu sua casa, apaixonado pela atmosfera natural e primitiva do lugar. Quando Mann foi obrigado a fugir dos nazistas, Hermann Göring assumiu a propriedade como seu posto de caça. Foi também ao longo da Rota do Âmbar, em janeiro de 1945, que 4 mil prisioneiros do campo de concentração de Stutthof, na Polônia, foram obrigados a marchar sob fogo de metralhadora até o mar gelado da praia russa de Yantarny. Quinze sobreviveram.
A própria família de Schüler foi capturada na Guerra. Seu pai foi forçado a emigrar e dois de seus bisavós morreram nos campos. Alguns de seus túmulos jazem ao longo da rota, que serpenteia por impérios perdidos e países cujos limites foram repetidamente redesenhados por séculos.
Ao longo da viagem e da obra, a política contemporânea e a experiência de perseguição e fuga da família de Schüler jamais são completamente esquecidas pelo autor. Uma expedição de ancestralidade e mistério que mereceu um lugar entre os finalistas do Stanford Dolman Travel Book of the Year deste ano. Entrou na lista longa do Wingate Prize, também de 2021, e ainda foi finalista do prêmio do Bookmark Book Festival para Livro do Ano em 2020.
