Poeta e cronista, Lucão comenta sua leitura do romance “A Filha Perdida” (Intrínseca), de Elena Ferrante, que foi adaptado para filme pela Netflix, estrelando Olivia Colman e Dakota Johnson.
Sou declaradamente afetado pela escrita de Elena Ferrante. Li tudo que pude da autora, desde quando a encontrei nas livrarias. Também li Domenico Starnone, seu possível par, ou pior: seu verdadeiro nome. Esse mistério de quem é Elena Ferrante não é, necessariamente, o que me mantém apaixonado por ela, mas sim a sua escrita. Sou encantado pela forma franca e angustiante como a Ferrante conta as histórias. Às vezes, histórias aparentemente muito comuns, mas que, com suas palavras, se tornam profundas e distintas. Elena tem uma palavra específica para cada passo das suas personagens.
Eu tinha certeza de que havia lido tudo de Elena, até assistir ao filme “A Filha Perdida”, baseado no seu livro homônimo. Foi quando me toquei de que não havia lido esse livro. E fiquei feliz, pois ainda tinha um livro de Ferrante para ler. E o livro é melhor que o filme. Quanta angústia! Quanta palavra certeira! Aprendo a escrever com Elena Ferrante. E aprendo a me afetar mais com as histórias banais quando leio suas obras. Leiam Elena Ferrante e se afetem.