JULIÁN NOSSA LÊ GUILLAUME PITRON

Julián Nossa, parceiro na BAM, a agência francesa que representa e é representada pela VB&M no Brasil, compartilha suas impressões do ensaio L’ENFER NUMÉRIQUE, do premiado jornalista francês Guillaume Pitron, título de grande sucesso na França em lançamento da editora Les Liens Qui Libèrent, sobre o impacto ambiental da internet e as consequências reais da poluição digital no planeta.

Estou lendo L’ENFER NUMÉRIQUE, de Guillaume Pitron, um ensaio sobre como nossas vidas cada vez mais online são problemáticas para o meio ambiente.

Nasci nos anos 1980, sou um filho do século XX. Como toda criança, lembro de desejar ter um superpoder. Gostava de fantasiar que eu sabia tudo o tempo todo, e agora fico extasiado ao pensar que qualquer pessoa com um smartphone é um super herói. Acho difícil lembrar uma época antes de o mundo ter se tornado digital aos saltos e arrancos, mas é mais difícil ainda imaginar os limites da revolução iniciada pela internet… e os problemas que ela pode causar.

Nos acostumamos a pensar que, diferentemente dos produtos físicos, o mundo digital não tem impacto material. Mas acredito que todos nós sabemos, lá no fundo, que cada clique, cada email, cada foto, cada mensagem tem uma consequência ambiental. Por definição, a poluição digital escapa aos nossos sentidos. Podemos descrevê-la com palavras e figuras, mas é difícil compreendê-la. Ao traçar o caminho de uma simples “curtida” ao redor do mundo, Guillaume Pitron consegue nos fazer compreender esse fenômeno.

Graças ao trabalho incrível desse jornalista francês premiado e best-seller, descobrimos que a internet tem uma cor, geralmente verde pálido, que equivale aos cabos submarinos no fundo dos oceanos; um som, com todos os servidores que sussuram juntos como uma colmeia; um gosto, o da água do mar; uma textura, a de uma rocha bruta, cujo grafite é extraído para a fabricação dos celulares. Tem sido um prazer trabalhar com um autor de não-ficção com tamanha habilidade narrativa, que conseguiu pôr-se à altura do difícil desafio que enfrentou e da mensagem urgente que tem para nós: a tecnologia digital pode parecer insubstancial como uma nuvem mas, paradoxalmente, é o que mais provavelmente nos fará enfrentar as limitações físicas do nosso planeta.