HENRIQUE SCHNEIDER LÊ LUIZ OCTAVIO DE LIMA E HERTA MÜLLER

O escritor e advogado Henrique Schneider, autor de SETENTA (Dublinense) e A SOLIDÃO DO AMANHÃ, a sair pela mesma editora em 2022, comenta suas leituras atuais: “Os Anos de Chumbo” (Planeta), de Luiz Octavio de Lima, e “O homem é um grande faisão no mundo” (Companhia das Letras), da vencedora do Nobel de Literatura de 2009, Herta Müller.

Estou lendo principalmente dois livros. “Os Anos de Chumbo” (Planeta), de Luiz Octavio de Lima, é uma narrativa extremamente bem documentada e de leitura muito fluida, abarcando o período anterior ao golpe de 64 até as eleições diretas — mas há vários e preocupantes trechos em que o livro parece falar do presente. Tratando de matérias como resistência, repressão, cultura, acordos e desacordos políticos, é ótimo fonte de pesquisa. E leio também “O homem é um grande faisão no mundo” (Companhia das Letras), da vencedora do Nobel, Herta Müller. Uma novela curta, imagética, em que o exílio, a solidão e o silêncio são tão personagens quanto a família Windisch (que busca migrar de um lugarejo da Romênia de Ceausescu para a Alemanha), narrada numa prosa repleta de certa poesia seca e meio árida que, aos meus olhos de leitor, é admirável.