DO VIETNÃ A HOLLYWOOD: TRAJETÓRIA DE UM CLÁSSICO

Miguel Sader

Um clássico da literatura de guerra norte-americana, THE THINGS THEY CARRIED, está voltando com tudo aos holofotes. O motivo é a confirmação de que o consagrado livro de Tim O’Brien,  já um clássico contemporâneo, será adaptado para o cinema. O filme será dirigido por Rupert Sanders e contará com elenco estrelado: Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria, O Regresso), Stephan James (Se a Rua Beale Falasse), Tye Sherida (A Árvore da Vida), Bill Skarsgard (It: A Coisa), Pete Davidson (The King of Staten Island) e Angus Cloud (Euforia). 

Apesar de o livro nunca ter caído no esquecimento – um verdadeiro long-seller, para usar o jargão do meio editorial –, a ocasião é perfeita para celebrar THE THINGS THEY CARRIED: em 2020, a obra completa 30 anos. Publicado pela poderosa editora nova-iorquina Houghton Mifflin Harcourt em 1990, uma bem dosada mistura de memórias e contos interligados, ou mesmo romance, criando um dos mais belos exemplos de meta-ficção na literatura americana, o livro acumula prêmios e honrarias do mais alto escalão do mundo literário. Venceu o National Books Critics Circle Award, foi finalista do Pulitzer, foi listado como um dos livros do século pelo New York Times, foi eleito o Melhor Livro Estrangeiro publicado na França, e mais. 

Com a marca e a assinatura de um mestre na arte de contar histórias, a narrativa acompanha os integrantes da Companhia Alfa na Guerra do Vietnã: Jimmy Cross, Henry Dobbins, Rat Kiley, Mitchel Sanders, Norman Bowker e Tim O’Brien. Sim, o autor – que, antes de se tornar um escritor premiado e mundialmente conhecido, serviu no Vietnã – integra o enredo, e é isso o que faz de THE THINGS THEY CARRIED uma das referências quando o assunto é auto-ficção. 

Na verdade, é referência seja qual for o tópico: ficção histórica, literatura de guerra, romance, contos, memoirs. Uma obra que merece ser revisitada, e que bom que esteja sendo. Difícil entender o porquê de nunca ter sido publicada no Brasil. Fica a esperança de que a novidade do filme atraia o olhar brasileiro para o trabalho de O’Brien.