Gabriel Waldman

Gabriel Waldman nasceu em 1938, na Hungria, no seio de uma família judia. Com a Segunda Guerra Mundial e a instauração do nazismo no seu país natal, perdeu toda a família, sobrevivendo apenas ele próprio e a mãe. Mais tarde, com a derrota da Alemanha e o domínio comunista da Hungria, acabou por fugir com ela para o Brasil.
Aprendeu português com 16 anos e, embora sonhasse com uma carreira literária, a barreira da língua dificultou esse percurso. Nos anos 1990, ganhou o segundo lugar num concurso com um conto e, a partir desse impulso, publicou dois livros, JULIA – UMA FÁBULA e A ESTRATÉGIA DO ESCORPIÃO.
AMOR NA PONTA DA BAIONETA
Renate é filha do ex-comandante de um dos mais notórios campos de concentração nazistas. Gabriel é judeu, sobrevivente do Holocausto; sua família foi assassinada no campo que o pai de Renate comandava. Encontram-se no Brasil após a guerra, namoram, apaixonam-se sem ele ter conhecimento das origens da jovem, sem ela ter conhecimento do envolvimento real do pai no genocídio. “Pensei que ele apenas administrava o campo…” A história é verdadeira. Durante quase 60 anos o autor incubou em silêncio essa chaga purulenta de horror, tristeza e culpa, até que uma frase icônica da escritora dinamarquesa Isac Dinesen convenceu-o a pôr o indigesto em palavras: “Todas as tristezas são suportáveis se você escreve sobre elas.” Graças a Dinesen e a uma magistral narrativa, o leitor brasileiro pode hoje acompanhar o encontro fortuito, o namoro, a paixão e o desfecho dramático da relação Renate – Gabriel, encantado com a magia das palavras e com o enredo de ritmo alucinante.
A mesma trilha de dúvida – fascínio – aceitação atravessada pelo leitor, percorrem os amigos do protagonista, os “Três Mosqueteiros” do romance. Incrédulos, põem em dúvida a própria existência de Renate e suspeitam que toda a história seja fruto da fantasia do autor. Ainda assim toleram durante dias e noites, cansados e sonolentos, porém cada vez mais motivados, o relato de Gabriel. A realidade às vezes se concede uma esbórnia inoportuna, abandona a lógica, cria sua própria fantasia, e então cabe ao escritor suavizar a ressaca e botar ordem no caos da vida real. É o que o autor de AMOR NA PONTA DA BAIONETA procura fazer. Pensando ser a história por demais inverossímil, acrescenta-lhe trechos e personagens, muda episódios, cria eventos, para ao fim contemplar o binômio ficção – realidade que ele mesmo criou em um romance que é ao mesmo tempo uma meditação sobre história e subjetividade e um relato de amor impossível.

Status/Publicação: Inédito.