ALICE WALKER NA ERA BLM

Luciana Villas-Boas

A autora e ativista negra e feminista Alice Walker tem lugar garantido no panteão literário do século XX há pelo menos 27 anos, quando A COR PÚRPURA (José Olympio), lançado para o leitor americano em 1982, arrebatou as duas grandes premiações de ficção dos EUA, o National Book Award e o Pulitzer Prize. Logo em seguida, em 1985, Steven Spielberg adaptou o romance para o cinema. Difícil para um escritor voar mais alto em seu tempo de vida, só com o Prêmio Nobel, para o qual Walker está bem embicada, mas é claro que essa nova fase dos movimentos anti-racistas e de gênero,  Black Lives Matter e Me Too, estão conquistando ainda maior visibilidade para sua obra.

Acaba de ser anunciada uma nova versão cinematográfica de THE COLOR PURPLE, agora a partir da aclamada adaptação para musical da Broadway, que ganhou dois prêmios Tony em 2016, um deles no gênero “revival”. O diretor será o ganense Blitz Bazawule, já conhecido pela codireção do vídeo de Beyoncé-Disney, “Black is King”. Os produtores do novo filme – Oprah Winfrey, Quincy Jones, Scott Sanders e Steven Spielberg – assistiram ao trabalho de Bazawule com a Netflix, “The Burial of Kojo”, e não hesitaram em bater o martelo: A COR PÚRPURA tinha que ser dele.

No Brasil, particularmente, Alice Walker jamais foi tão badalada, disputada e lida. A TAG publicou em maio a primeira obra de ficção de Walker, A TERCEIRA VIDA DE GRANGE COPELAND, até então inédita por aqui, para seus 48 mil associados, um dos lançamentos mais bem sucedidos na história do querido clube do livro. O romance terá agora uma edição normal da José Olympio, sob o comando de Lívia Vianna, que também está renovando a contratação de A COR PÚRPURA. Em 2021, a editora Ana Cecília Impellizieri, da Bazar do Tempo, lançará um ensaio fundamental da autora, IN SEARCH OF OUR MOTHERS’ GARDENS: WOMANIST PROSE (EM BUSCA DOS JARDINS DE NOSSAS MÃES: PROSA MULHERISTA – em tradução livre), também uma primeira tradução para o português brasileiro.

A obra de Alice Walker é muito vasta. Ainda tem muito de romance e contos, ensaios e poesia, para sair no Brasil. É para se aguardar com toda atenção.