O economista, produtor de cinema e tradutor Alberto Flaksman comenta sua leitura de BREVE HISTÓRIA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (Todavia), do alemão Ralf Georg Reuth.
Talvez nenhum acontecimento na história da humanidade tenha sido objeto de tantos relatos quanto a Segunda Guerra Mundial. A BREVE HISTÓRIA… (todavia), escrita pelo alemão Ralf Georg Reuth, que acabo de ler, traz ao menos duas novidades para o leitor brasileiro. A primeira é que o livro apresenta uma visão germanocêntrica da guerra. Vista pelo prisma alemão, a história do conflito é diferente e, de certo modo, mais rica e verdadeira do que aquela narrada nos inúmeros livros escritos por autores dos países vencedores. A segunda é que Reuth descreve de forma enfática, como eu nunca tinha lido antes, o delírio racista de Hitler, e traça de modo convincente as estratégias utilizadas pelo líder nazista não para dominar o mundo, como é geralmente interpretado, ou mais diretamente para enfrentar o comunismo. Sua verdadeira obsessão era a eliminação da totalidade dos judeus, os grandes culpados pela decadência da “civilização ariana”, fossem eles europeus, americanos (a conspiração judaico capitalista) ou russos (a conspiração judaico bolchevista). Para concretizar essa loucura, Hitler esperou até o fim da guerra contar com a ajuda do império britânico, que ele considerava um aliado natural, próximo dos seus próprios objetivos. Enfim, um livro surpreendente por essas e outras razões. Espero que, numa próxima edição, a bibliografia traga os títulos originais das obras citadas, e não a sua versão em alemão. Um pequeno cuidado que enriqueceria a experiência dos leitores brasileiros.
