A GUERRA INFINITA

Chegou à agência a cota de cortesia de um livro realmente precioso, que já se começa a encontrar nas vitrines das livrarias: BREVE HISTÓRIA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, do alemão Ralf Georg Reuth, publicado originalmente pela cliente Rowohlt, numa edição brasileira primorosa, como sempre, da Todavia. Todo mundo acha que sabe o suficiente do maior cataclisma do século passado, quando na verdade, sendo o assunto tão infinito, o que se tem de melhor numa imensa bibliografia são recortes históricos variadíssimos, que, no entanto, não oferecem uma ideia do todo. Dependendo da sorte e do gosto do leitor, lê-se sobre a origem do mal na humilhação alemã do Pacto de Versalhes, sobre o Acordo de Munique, o Holocausto e os campos de extermínio, ou a patologia de Hitler e dos nazistas, a tomada de Paris, ou sobre a bravura soviética em Stalingrado, sobre a firmeza de Churchill na oposição à Alemanha, ou o gênio de Roosevelt para definir o momento de os EUA entrarem no conflito, sobre os bombardeios de Londres ou Dresden ou Berlim, etc, etc, etc.

O livro de Reuth é uma síntese do assunto tão extraordinária quanto indispensável. Precisa ser um gênio para fazer um resumo desses, praticamente 400 compactas páginas, contando umas 40 de Notas e Bibliografia, repletas de informação, mas boas de ler. Claro que o front do Pacífico é o que mais fica a desejar, mas não haveria como fazer de outra maneira. Ainda assim a rendição japonesa está muito bem contada. Nas prateleiras da gente, tem um outro resumo da II Guerra, THE SECOND WORLD WAR: A PEOPLE’S HISTORY (Oxford University Press), de Joanna Bourke, nunca publicado no Brasil (nem, diga-se, representado pela VB&M), que é legalzinho, mas, sinceramente, não se compara.

Então para quem quer uma visão abrangente mas sucinta da II Guerra Mundial já há o que comprar e estudar nas livrarias brasileiras. Um livro para quem quer unir os pontos de tudo que já leu sobre o assunto, tão premente hoje quanto 80 anos atrás. A compreensão do significado da II Guerra é condição mínima para fazer algum lé-com-cré da contemporaneidade.