A EXTINÇÃO DA CRIATIVIDADE

Silvia Naschenveng, editora da Mundaréu, nos oferece um precioso trecho sublinhado por ela em Origem (Companhia das Letras, 2006), volume de relatos autobiográficos do escritor holandês Thomas Bernhard. Para Silvia, sua relação com Thomas Bernhard alcançou outro patamar depois da leitura de sua autobiografia: “Se antes eu já admirava bastante o autor e seu estilo, toda sua virulência afiada, ao passo que elegante e fluida, ganhou corpo e drama histórico; descobri sua fonte.”

“Tudo ali contraria a criatividade, e ainda que cada vez mais e com maior veemência se afirme o contrário, a hipocrisia é sua base, tanto quanto a estupidez é sua grande paixão; naquela cidade, onde quer que a fantasia desponte, é logo exterminada. Salzburgo é uma fachada pérfida em que o mundo desenha sua falsidade sem cessar e no interior da qual a criatividade (ou o ser criativo) só pode definhar e decair e extinguir-se.”